sábado, 12 de março de 2016

O que Mad Men nos mostra sobre o Vazio Existencial


Voltando a escrever no blog depois de uma semana meio corrida por causa da faculdade (e ainda tenho trabalhos para fazer no final de semana). Mas antes de começarmos o assunto, é válido comentar um pouco sobre os acontecimentos importantes que aconteceram essa semana. É um fato a corrupção sistêmica nessa merda de país, a maioria dos partidos são corruptos, a maioria dos políticos são corruptos. A população, em sua grande maioria, com absoluta razão, estão lutando para que haja ao menos um mínimo de justiça por todas essas espoliações e roubos descarados que sofremos todos os dias. O que me causa revolta, é quando vejo defensores do PT e do Lula, que não tem mais defesa, tentando colocarem quem está revoltado com toda essa sujeira, como "indignados seletivos", afirmando que esquecem de Cunha, do PMDB e do PSDB. O que está na cara pra mim, é que para eles, não importam o país, não importam a corrupção sistêmica e nem o declínio do Brasil, a única coisa que importa são suas ideologias idiotas, seus Líderes-Deuses e suas briguinhas com o PSDB, PMDB e "direitistas". Esse país se encontra dividido, e grande parte da culpa está nos ombros desses políticos populistas e seus grupos fanáticos que jogaram uns contra os outros. Que julgue o PT e o ladrão do Lula, que julgue o malandrão do Cunha, que julgue esse partido fedelho e aproveitador do PSDB, todos vão entrar na mesma mira da bastante competente MPF e PF, que está fazendo uma limpa nessa merda toda. Não importa o partido, não importa a ideologia, fez merda, vai ter que pagar e ponto final.

E mais importante que mandar para a cadeia todos esses ladrões, é mudar nossa mentalidade. Precisamos mudar essa ideia de pai Estado provedor, salvador da pátria, que resolve todos os nossos problemas. Acho que todo mundo está vendo o que acontece quando damos muito poder ao Estado, não preciso nem me alongar nisso. Precisamos mesmo é de mais liberdades individuais e de um Estado mínimo que foque no que cabe à sua responsabilidade: saúde e educação(podendo ter iniciativas privadas nessas áreas também), segurança e garantir a lei e os direitos dos cidadãos. O resto quem toca somos nós, sempre foi. Pegue alguns dados na internet, relacionando livre mercado e liberdade econômica com crescimento da riqueza e da sociedade, verá que os países mais livres são os mais prósperos e os menos livres, obviamente os menos prósperos. E antes que venha argumentar sobre o socialismo nórdico (Suécia, Noruega, Finlândia etc.), veja que eles só são possíveis por causa do seu passado de livre mercado, que permitiu acumular muitas riquezas que ajudaram a realizar seus programas sociais (além de terem pulado as duas grandes guerras, outro fator é que AINDA esses países são bastante livres, mais que essa porra dessa América Latina). Devemos trilhar o caminho da liberdade, propriedade privada e paz, para mudarmos esse quadro em que estamos. Dar liberdade para que cada indivíduo possa se desenvolver e, cooperando com os outros indivíduos, possa melhorar o país em que moram. É assim que funciona as coisas no mundo real, utopismo é só na mente dessa gente que gosta de sofrer e ser roubado. Prender políticos corruptos e escancarar todas as merdas do populismo é só o início do início.


                     

[Lula falando que tênis é esporte de burguês. Além de alimentar lutas de "classes" (termo imbecil criado por Marx), alimenta também a hipocrisia. Hoje ele é um baita de um burguês, só que ladrão] 

Feito esse desabafo, vamos ao assunto do post, política é importante de ser estudada, mas focar só em política e deixar VOCÊ de lado em nada adiantará porcaria nenhuma. Então o foco em primeiro lugar é no nosso desenvolvimento pessoal como foi falado aqui.

O Vazio Existencial

Em 2015 terminou a ótima série chamada Mad Men (Homens Loucos em Português) com um final fodástico. Eu não acompanhava e nem a conhecia até o ano de 2015, quando um amigo me indicou e eu passei a acompanhá-la, até o início desse ano, quando finalmente terminei todas as 7 temporadas (a última temporada é dividida em 2 partes). Comecei a assistir a série para aprender um pouco sobre business e como era a vida quando o país tinha um mínimo de laissez-faire, mas logo fui percebendo que a série era boa demais para focar somente nisso. Ela tece críticas em todas as áreas possíveis, desde ao consumismo exacerbado, maus hábitos na saúde, degradação moral etc. Além de mostrar vários períodos históricos dos EUA e do mundo. Tudo isso sendo desenvolvida de maneira genialmente tranquila, com mensagens nas entrelinhas e diálogos geniais, mas sem reviravoltas insanas à lá GoT. Mas o que mais me chamou a atenção foi justamente o que acredito que é a principal mensagem da série, que é o vazio existencial do personagem principal, Don Draper.

Don é na série o que muitos homens gostariam de ser:
  • Bem sucedido profissionalmente
  • Rico
  • Faz o que diabos lhe der na telha
  • É respeitado (e invejado) por todos no trabalho
  • E principalmente, é desejado por uma grande quantidade de mulheres
Com tudo isso é fácil de imaginar que o cara tinha uma vida realizada. Aí é onde a série bate de frente com o senso comum, Don Draper não era feliz. Como pode um cara que tem tudo não ser feliz? Pois era exatamente o que o protagonista dessa série foda era, um infeliz.

Don teve uma infância sofrida, sua mãe era prostituta e morreu ao parir, o pai dele o abandonou e seus pais adotivos não o amavam (um dos motivos que fez ele não amar ninguém). Com uma infância vivendo na miséria, trabalho duro, desenvolveu certa fobia a vida de privações e ao crescer, queria mudar de vida, crescer, conseguir uma oportunidade de sair daquela miséria. Conseguiu uma oportunidade única quando estava servindo os EUA na guerra da Coréia (pra quem assistiu a série, sabe do que estou falando) e ganhou o que precisava para começar uma nova vida. Anos depois lá estava Don Draper, um publicitário de sucesso, amado por sua família, filhos, colegas de trabalho e as várias mulheres que ele se relacionou (erradamente, pois ele já era casado). Mas apesar disso tudo, ele ainda não era feliz, pois dentro de si não havia uma vocação forte para sua vida, um propósito para se guiar, não havia um sentido de vida. Dentro de si, havia apenas um vazio existencial.

        Draper fodão fumava mais que uma caipora

Desse vazio existencial, sua infelicidade fluía para suas ações do dia a dia. Para tentar preencher esse vazio, ele traía sua esposa com várias mulheres, bebia, fumava, fugia por um tempo do trabalho e chegou até a experimentar drogas. Logicamente essa pseudo-felicidade não o preenchia por completo, apenas momentaneamente, voltando novamente a  ficar infeliz, repetindo o loop existencial.

Viktor Frankl, em seu livro Um Homem em Busca de um Sentido, afirma:

" Como se sabe, o termo latino finis tem dois significados: fim e meta. A pessoa cuja situação não permite prever o final de uma forma provisória de existência também não consegue viver em função de um alvo. Ela também não consegue mais existir voltada para o futuro, como o faz a pessoa numa existência normal. Concomitantemente altera-se toda a estrutura de sua vida interior. Começam a aparecer sinais de decaimento interior como conhecemos também de outras áreas de vivência. Numa situação psicológica idêntica encontra-se, por exemplo, o desempregado; também a sua existência se tornou provisória e também ele, de certo modo, não pode viver voltado para o futuro , em função de um alvo neste futuro."

Essa falta de um alvo no futuro seria justamente uma falta de um objetivo forte de vivência neste mundo. Todos deveríamos ter uma vocação para a vida, um legado a ser deixado, uma marca que seja eternizada para o sempre, ao invés de coisas, que apesar de serem boas, são momentâneas e não nos preenchem completamente. Draper não tinha uma vocação e por isso de seu vácuo existencial. Preencher esse vazio com mulheres e prazeres não supria essa necessidade de encontrar um sentido para a vida.

Ainda em seu livro, Frankl afirma:

 "A depreciação total da realidade oriunda da forma provisória de existência do recluso acaba seduzindo a pessoa a entregar os pontos completamente, a abandonar-se a si mesma, visto que de qualquer forma 'tudo está perdido'. Essas pessoas estão se esquecendo de que muitas vezes é justamente uma situação exterior extremamente difícil que dá à pessoa a oportunidade de crescer interiormente para além de si mesma. Em vez de transformar as dificuldades externas da vida no campo de concentração numa prova de sua força interna, elas não levam a sério a existência atual, e depreciam-na para algo sem real valor. Preferem fechar-se a esta realidade ocupando-se ainda apenas com a vida passada."

Don sendo um machista opressor 

É exatamente isso que vem acontecendo com nossa sociedade, que vem sendo movido pelo ego para satisfazerem-na e preencher seu vazio existencial com uma pseudo-felicidade. E além disso, colocam a culpa em seus maus atos no determinismo, que teve um avanço significativo com Freud e seus estudos de instinto animal, permitindo que essas pessoas colocassem desculpas inteiramente nisso, esquecendo que temos como escolher nossos atos e transcender nossos instintos (ego) em nome de um objetivo forte. O que falta hoje em dia para a maioria das pessoas (e principalmente para os homens) é ter uma vontade de deixar um legado importante aqui nesse mundo, ter uma vocação de vida. Isso é mais importante que todos os outros prazeres momentâneos e é isso que preenche o vazio existencial e nos tira de um caminho auto-depreciativo.

Obviamente temos nossos prazeres momentâneos, temos nossas necessidades fisiológicas e instintivas, não podemos nos bitolarmos e ir para o outro extremo da coisa. Não há como matarmos nossos egos em definitivo, o que podemos é não deixá-lo assumir o controle de nossas ações, assumir as rédeas de nossas vidas. Pessoas que vivem pelos egos, como cafajestes e mulheres que buscam sempre fortes emoções (muitas hoje em dia são assim, infelizmente) têm um vácuo existencial interno. Pessoas sábias, que são equilibradas e tomam as rédeas de suas vidas, são as que deixam uma marca nesse mundo. São as que mais provavelmente encontram um sentido para a vida.

E o que aconteceu finalmente com Don? Bom, ele conseguiu encontrar um sentido para sua vida no último episódio (uma cena muito foda) e assim, pode continuar sua trilha para seu desenvolvimento pessoal, pois já era relativamente independente financeiramente, bem sucedido profissionalmente, já tinha quebrado a cara (e aprendido) com as mulheres e agora, estava com um propósito de vida, preenchendo assim sua existência. Pra quem se interessar, indico assistir a série e constatar com os próprios olhos o que foi discutido aqui.

Até a próxima.


2 comentários:

  1. Muito bacana cara!
    Gostei desse artigo e os posts dos livros foram favoritados, já baixei um pdf de a arte da guerra e vou ler ainda essa semana, vlw!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Opressor (gosto desse nome rsrs)

      Obrigado pelo feedback e fico grato por acompanhar meu blog. Os posts dos livros são um hobby que eu tenho, fico feliz em compartilhar livros que li e gostei. A Arte da Guerra é espetacular, daqueles livros universais e essenciais pra guardar em sua estante. Muito sábio e importante.

      Abraço!

      Excluir